segunda-feira, julho 03, 2006

no chiado à tardinha

(Camões, de Abel Manta)
Vagueio pelo chiado ao sábado pela tardinha e simpatizo com o ar de desdém e altivez do sem-abrigo que espera na escadaria da igreja o milagre (sem pedir) de uma moeda.
À porta da Bertrand um grupo de adolescentes com as cabeças cheias de telenovela esgrimem argumentos entre si sobre quem é o "melhor no engate" e nos jogos da playstation.
Mais abaixo, duas mulheres balzaquianas(!) amolecem a ansiedade devorando um gelado enquanto olham em aparente indiferença a montra de um pronto-a-vestir.
Cruzo-me com um grupo numeroso de italianos ruidosos que sobem a Garret de câmaras fotográficas na mão ou a tiracolo.
Vagueio com a sensação de estar a arquivar imagens e de não me importar de serem repetidas, sempre repetidas, na eternidade do quotidiano.

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