segunda-feira, julho 10, 2006

Luminosidades

(para a rita , a outra parte de mim...)

Mal chegámos a casa, recordo, acendemos pauzinhos de incenso junto à janela. O fumo
erguia-se como ao ralenti em direcção à mancha de sol de fim de dia que se instalara no tecto para ser contemplado até perecer.
Na cozinha onde reuniamos pratos e talheres num tabuleiro outras manchas de sol -sob os azulejos das paredes na mesa de madeira clara e a meio da porta- criavam um ambiente sugestivamente onírico.

Pus-me a imaginar fadas a planar na sala e gnomos a descerem pelas portas dos armários carregados de tostas , bolachas e saquinhos de chá.
Olho para ti , o corpo perseguido pelos raios solares que tomaram de assalto a cozinha,
e (toda) tu és luz.
Volto à sala e começo a colocar os pratos na mesa com o pôr do sol cada vez mais deslumbrante a demorar-se preguiçosamente na parede branca e também do lado oposto junto à janela da varanda a trespassar as cortinas cor laranja-verde de que tanto gostas.

Nesta casa, a luz que a visita torna muitas coisas em poderosos momentos,
que tu tão bem sabes traduzir em gestos e palavras.

Caminha, Setembro de 2005



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