domingo, julho 09, 2006

Franco Progresso

Por estes dias, tivémos direito a mais uns exemplares momentos probatórios da nossa querida incapacidade em sermos capazes de actuar com responsabilidade (a que poderia acrescentar-se também,e racionalidade) de sermos enfim capazes de abandonar, de uma vez por todas, o estado de hipocrisia e de maldade em que nos vimos consumindo desde sempre, com a alegria estonteante própria dos embriagados.

Entre o recrudescer do tráfico de influências, dos assaltos a postos de chefia por parte de aprendizes a ditadorzecos (clientelismo, oblige) e o afastamento dos quadros técnicos mais velhos, experimentados e possuidores de um capital de sabedoria , a fuga aos impostos dos mais ricos (não é deles o sistema que os protege?), a precarização do emprego e a novel bíblia (não criticarás!) para se aceder aos milagrosos subsídios do município promulgada por Rui Rio, até ao punhado de decisões de ilustres magistrados (como aquela peregrina ideia de que dar um tabefe numa criança deficiente mental não tem importância ou, mais recentemente, a criminalização das mulheres que praticaram o aborto) , Portugal parece estar a conduzir-se para a sua própria aniquilação como Estado e Sociedade.

De onde vem tanto irracionalismo e tanto absurdo? O caso de Gisberta é paradigmático do mais vil dos cinismos e da mais beata das hipocrisias. Ainda acaba tudo em "bem" com as culpas a serem atiradas ao infeliz transsexual por estar onde não devia e ter uma identidade contrária aos "bons valores morais".Há ainda o apelo ao nacionalismo patusco que finge que se leva a sério, mas não leva a sério coisa nenhuma, trata-se é de folclore circense por conta de mais um mundial de bola.

Aqui faz-se um parágrafo para lembrar que o Senhor Presidente da Região Autónoma da Madeira, o impagável Jardim, ordenou que as autoridades procedessem à retirada de uma bandeira do Brasil porque era maior... do que as portuguesas que a rodeavam.

Graças à comunicação social que nos dá diariamente uma excelente teatralização da realidade que interessa fazer passar, temos sempre direito ao prato forte da guerra , das guerras todas em que vamos vendo como seres humanos se destroem e sobretudo o fazem com requintada crueldade, como ocorre com mais uma incursão israelita em território palestiniano e no Iraque onde o desejado passeio triunfal sonhado por Rumsfeld se tornou num inferno.

Estamos em franco progresso!

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