sábado, julho 08, 2006

fragmentos

é sábado: passeio na avenida da liberdade a ouvir sons familiares há muito guardados como as imagens das fachadas das casas que desapareceram ou simplesmente mudaram -mudaram não, desapareceram é que é, os vestígios,tudo... quer dizer o tempo - como os telões gigantes publicitários dos filmes no magnífico Condes e no velho Éden (ambos concepção do Cassiano) o burburinho latejante de gente em redor das entradas a acotovelar-se nas filas das bilheteiras, ansiosa pela fita em ecrã largo com o herói preferido a aviar lambadas a torto e a direito para repôr a justiça e finalmente beijar a rapariga bonita ao som da orquestra antes da legenda the end nos devolver à realidade da rua.
Quando era miúdo lembro-me de chegar um dia aos Restauradores num autocarro de dois pisos descer ainda com ele em andamento e atravessar a praça a correr em direcção ao Politeama para aceder ao (meu primeiro) filme do Hawks -The Big Sky!
Passeio na avenida da liberdade não naquela de outros tempos mas nesta de agora, transformada num lugar de passagem, como se fosse uma gare, abandonada, quase vazia de gente e sem encanto, triste e a tresandar a solidão.

Sem comentários: