domingo, outubro 22, 2006

o fracasso do sonho imperial

Free Press International
As baixas militares norte-americanas no Iraque conheceram este mês novo pico (o número de soldados mortos já vai em 80...) o que vem alarmando ainda mais as hierarquias do Pentágono e reforçou a tese defendida por dezenas de generais de que a estratégia delineada pela Casa Branca -antes mesmo da invasão do país há três anos- foi um "erro" monumental, uma irresponsabilidade assente em falsidades e inventonas de todo o tipo usadas para justificar o injustificável.
O sonhado passeio triunfal das tropas invasoras nas ruas de Bagdade que vinham libertar a nação iraquiana do jugo de Saddam nunca se verificou. Nem tão pouco as lagartas dos blindados que percorreram as artérias de Bagdad não o fizeram em cima de tapetes de flores como idealizaram Rumsfeld e seus sequazes.Mesmo as poucas dezenas de "iraquianos" que assistiram à derrocada da estátua em Bagdad do ditador Saddam Hussein não eram mais do que soldados norte-americanos meio-vestidos a arabes os únicos a dar nas vistas, como ficou demonstrado em dezenas de fotos publicadas em outras tantas páginas online ou em matutinos de referência.
Os milhões de dólares usados (diz-se, na compra de generais da temida guarda republicana, de centenas de informadores e da minoria de exilados afortunados no Ocidente, etc.) funcionaram no início mas não foram suficientes para evitar o caos e a barbárie instalada pelo comportamento das forças ocupantes.
Ao invés da democracia prometida os Estados Unidos elegeram logo no primeiro ano a máxima: em cada iraquiano suspeito um iraquiano a abater. Transformaram Abu Ghraib num santuário de tortura e bestialidade, um entretenimento sádico para soldados e oficiais desumanizados que violentavam jovens estudantes (muitos com menos de 16 anos) e condenavam à morte lenta dezenas de homens obrigados a cumprir todo o tipo de insanidades sob a ameaça de armas.
A democracia prometida jaz há muito também a partir do momento em que as tropas ocupantes passaram a contar com a ajuda "desinteressada" de atiradores de elite (snipers) vindos de Israel, Tchetchenia e da guerra do Kosovo que se tem empenhado no extermínio selectivo e calculado de quadros importantes da nação iraquiana: professores, politicos, cientistas, opositores , etc. com o propósito de destruir o Iraque enqaunto nação e provocar uma guerra civil por forma a fragmentar o país em especies de "cantões" federados. Uma solução "higiénica" que hipoteticamente manteria sob a alçada do invasor-ocupante a maioria dos recursos do Iraque.
Ao invés da democracia prometida por Bush, os iraquianos assistiram impotentes ao saque dos seus bens patrimoniais e históricos (roubados do interior de museus vandalizados) a maior parte "recapturado" em pequenos aeroportos de cidadezinhas do interior da América. Os milhões de dólares disponibilizados para a alegada "reconstrução das infra-estruturas do Iraque" foram sendo na sua maioria desviadas para contas de cidadãos norte-americanos, como o revelam inúmeras fontes insuspeitas dentro dos Estados Unidos.
A recente e arrasadora crítica do general britânico que ousou defender a retirada total e imediata dos soldados de Sua Majestade ( a que se seguiu a do seu homólogo australiano, pouco ou nada difundido nos meios de comunicação portugueses, o que se compreende...), a criticas dos generais do Pentágono, o reconhecimento por parte de Bush de que o Iraque "é um novo Vietnam"e a atribuição a James Baker de uma missão de alta importância que possa (através de contactos com todos os movimentos de guerrrilha iraquianos -mas também que englobe os governos "inimigos" do Irão e da Síria) evitar o descalabro e descontrolo total da situação militar no Iraque, já considerada de "derrota".
Falhados todos os objectivos principais que Rumsfeld previu no seu "caderno de encargos" para o Iraque, resta agora aos Estados Unidos não perder completamente a face. No fundo, no fundo, o que levou os Estados Unidos para este "beco sem saída" foi o controle dos recursos naturais (água, petróleo e gas) como se encontram consubstanciados em numerosos documentos que vieram a lume nos ultimos quatro anos.
A aventura americana no Iraque contabiliza já mais de 655.000 mortos iraquianos: menos (ainda...) do milhão e quase meio de vietnamitas mortos em cerca de 12 anos de guerra. As baixas de cidadãos iraquianos arrisca-se a superar assim o dos vietnamitas. Superados estão já os mais de 200 mil japoneses assassinados em Hiroxima e Nagazaki em Agosto de 1945 quando foram lançadas sobre essas cidades nipónicas sem valor militar duas bombas atómicas que constribuiram poucos anos depois para detonar a corrida aos armamentos .
A aventura iraquiana que também custou a vida a cerca de 2800 (dados oficiais) militares norte-americanos e dezenas de milhares de feridos, a maioria grave, pode perfeitamente vir a despoletar um movimento interno que contribua para afastar Bush da Presidência , promover novas eleições e instalar na Casa Branca um Presidente inteligente para quem o bom senso não seja uma palavra vã.

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