(Cena 11- plano 6-vez 04- exterior/dia)
Voz Off:
Voz Off:
Olhar o rio e recordar as palavras que tantas vezes fomos incapazes de dizer um ao outro. Palavras que já não importam ouvir porque as deixámos para trás no tempo de exaustão, já sem uma esperança de sonho e eternidade. Agora tenho o teu rosto só o teu rosto , muito belo e carregado de ternura, a converter a alegria em tristeza (e aflição).
Sigo-te, câmara na mão num travelling tremido que me pareceu interminável, rua abaixo, com braço a doer a deixar-me conduzir pelo teu andar apressado e firme.
Talvez a esta lembrança se tenha seguido outra -aquela do plano de conjunto junto ao miradouro- a seguir ao instante em que beijaste os meus cabelos e ficámos a olhar para as sombras dos nossos corpos projectadas no alfalto negro da rua estreita.
Meros rumores, rumores apenas e não prodígios como poderias estar a pensar.
Lisboa, Entrecampos, Setembro 1983
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