sábado, outubro 28, 2006

notas soltas

La Voie Lactée (1969), Luis Buñuel
1.Nos últimos tempos tenho andado com vontade de ler Flaubert (contra quem sempre tive uma certa animosidade que não sei bem explicar porquê), Sartre (Les Séquestrés d'Altona e Les Mots...) e até Garaudy, por razões da experiência, digamos do vivido, e por uma atracção pelo religioso. Tudo autores que já conhecia mas não o suficiente. Esta necessidade tem muito pouco de extraordinário convenhamos, embora me continue a ocupar (menos, reconheço-o) da leitura de poesia mas sem "novidades" maiores porque tenho sentido é a necessidade de me voltar para a releitura daquilo que me é mais familiar : Pessoa, T.S.Elliott, Ungaretti, Carlos de Oliveira, Sophia, Armindo Rodrigues, Rimbaud, Ruy Belo... .
2.As questões da justiça, ou mais prosaicamente, o funcionamento do sistema judiciário português, tem-me ocupado desde há um ano, por razões bem sabidas dos que me são mais próximos, claro.O que me tem agradado nas leituras (de acordãos, de alegações...) não é tanto a retórica (algo pobre na maioria dos casos) mas a preocupação de certos magistrados em fazer crer que as decisões de penas são tomadas em total "independência" das pressões políticas ou outras. É aquilo a que eu chamo o esquema abstrato da independência!
3.La Voie Lactée, de Luís Buñuel, tem sido desde o fim do verão (calendáriamente falando...)
um "recurso" a que tenho recorrido "n" vezes. O que mais admiro em Buñuel não é apenas a capacidade em desmascarar a impostura desse enorme disfarce chamado catolicismo, é fazê-lo a partir das próprias considerações dogmáticas da Igreja. Corrosivo e irónico como sempre.

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