segunda-feira, dezembro 18, 2006

reflexão nocturna

Fui sempre um leitor sôfrego, mesmo que agora não o seja tanto quanto desejaria.
Tenho-me interrogado, desde a morte de minha mãe, sobre o que teria mudado na minha vida de adulto se tivesse nos últimos trinta anos sido capaz de manter a mesma relação que até á adolescência mantive com os livros. Não apenas porque a leitura me criou a obrigação desde cedo (necessária) ao acto da própria escrita mas porque eu era uma pessoa que havia descoberto na literatura uma forma perfeita de lidar com a minha ligação com o mundo e outra data de coisas que me assaltavam a consciência.
Nunca fui capaz de entender a literatura como um mero entretém ou outro disparate qualquer. Alguns dos livros que li quando adolescente mudaram o rumo da minha vida outros foram um completo embuste. Em certo momento, aconteceu que os livros tomaram conta de mim e eu correspondi-lhes com espírito "de missão". Deixei que os livros (alguns dos livros) entrassem na minha vida interior com glória.
Os livros que eu nunca mais quis (re)ler esqueci-os por completo. Como acontece(u) com alguns amigos que, afinal, não eram nem nunca foram amigos porque foram incapazes de manter a relação em momentos agudos da vida. Provavelmente por medo.

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