quinta-feira, agosto 31, 2006

o correr do tempo

Hoje, cumprem-se setenta anos sobre o nascimento de Otelo Saraiva de Carvalho, estratega da sublevação militar vitoriosa do 25 de Abril de 1974 que instaurou o regime democrático, restituiu as liberdades cívicas e pôs termo à guerra colonial. Apesar dos muitos incidentes de percurso (p.e., a retórica à volta do "Campo Pequeno", o espírito aventureirista consubstanciado também na ligação ao grupo "brigadista", FP-25), a personalidade de Otelo é , quer se queira quer não, indissociável do referencial histórico e político do Portugal dos últimos trinta e dois anos. É um dos rostos da Revolução.
Faz hoje trinta e três anos que morreu John Ford, um dos mais consagrados realizadores do cinema norte-americano. De ascendência irlandesa, Ford construiu uma obra admirável , inovadora (e por vezes ousada) tanto narrativamente como nas suas formas artísticas. Exemplos maiores: Grapes of Wrath, The Informer, How Green Was My Valley, The Quiet Man são alguns dos seus momentos mais refinados e criativos -curiosamente nenhum destes títulos pertence à galeria do western, que foi como é sabido o género por excelência onde Ford se tornou exímio como o comprova o sublime, The Searchers que é, talvez, o maior de todos os seus filmes.
Há vinte e seis anos, nascia na Polónia -por obra e graça de um grupo de operários de Gdansk liderados por Lech Walesa- , o movimento sindical Solidariedade. O seu aparecimento ocorreu num momento particularmente grave para o desgastado regime polaco de então. O ideário da utopia comunista -"uma terra sem amos/uma sociedade sem classes"- que triunfara em 1917 na Rússia dos Czares, começava a desmoronar-se . Estava-se nas vésperas da "perestroika" e da "glasnost", dois antídotos que Gorbatchov trazia no bolso quando subiu ao Kremlin e que de nada serviram. Destino semelhante teria o Solidarnosc quando Walesa ascendeu, por sufragio universal, ao cargo de Presidente da República

JD

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