quarta-feira, julho 11, 2007

reflexos do tempo (2)

José Vítor Malheiros no Público de ontem, dia 10 : "Que se exija uma lealdade aos chefes que proíbe a crítica política é algo que não merece outra qualificação senão a de fascista". É confortante ver que nem todos se (re)traíram ao clima de medo e de intolerância que parece grassar impunemente na sociedade portuguesa decorridos trinta e três anos do acto libertador de 25 Abril. Não é por acaso que essa vaga de atitudes ultra-direitistas que vimos assistindo nos últimos dois meses têem tido um propósito deliberadamente provocatório. De resto, o próprio Governo, mais precisamente Sócrates, acusa algum desconforto mas, o certo é que tarda, tarda e muito, a tomada que se impõe de decisão de honra do governo, porque é de honra de um governo eleito democraticamente que se trata. E de um governo saído de um partido socialista. No mínimo, a honorabilidade do governo obriga a desencorajar, revelar desagrado, advertir os candidatos a opressores que a tolerância atingiu, agora e sempre, o grau zero de permissividade.
O governo deve deixar-se de explicações simplistas e, pior, ambíguas, que só tem servido para fazer aumentar a dúvida, duvidar das intenções políticas do Estado, instalar a insegurança progressivamente e a apologia do medo e da obediência cega ( não só para controlar) em que nos querem meter a todos. O governo deve agir, se quiser continuar a merecer o respeito do povo que lhe outorgou, através do voto democrático, a legitimidade do poder.
O artigo, acutilante e corajoso, de Vítor Malheiros é uma tomada de consciência do que está ocorrendo em certos pensamentos bem instalados e que não adianta querer disfarçar e assobiar pró lado. Quanto mais não seja em nome da democracia e dos seus intrínsecos valores.

1 comentário:

Anónimo disse...

A contrainformação é muita, como bem devia saber.
É com pena que o vejo a entrar no limbo. Com pena,caro senhor.