Na programação da Cinemateca Portuguesa -sempre meritória, como vem sendo hábito- que se anuncia para o último mês do ano, figura a projecção, em sessões contínuas diárias (com entrada livre), de Le Fantôme d'Henri Langlois,interessantissíma longa-metragem documental assinada por Jacques Richard e produzida em 2004, sobre a vida e obra do pioneiro dos arquivos das chamadas imagens em movimento.
Sabendo, como se sabe, que a Henri Langlois (1914-1977) se ficou dever não apenas a criação, em 1936, da Cinémathèque Française, mas todo um trabalho arduo de enorme rigor realizado com entusiasmo durante décadas a fio, que não se circunscreveu aos domínios da aquisição, preservação e restauração mas que superou as expectativas mesmo na vertente da divulgação como o comprovam as dezenas de intervenções públicas em defesa, designadamente, da "nouvelle vague" e do cinema de autor na generalidade, seria imperdoável deixar passar em claro este curioso filme que reune material de arquivo e depoimentos de consagrados realizadores como Godard, Nick Ray, Hitchcock, Franju ou Raoul Walsh.
Pena é que o documentário inglês datado de 1970 ,"Henri Langlois", da dupla Roberto Guerra e Elia Hershon, rodado com Langlois vivo não tenha vindo complementar o do realizador gaulês.