sábado, janeiro 24, 2009

a propósito de harold pinter (1930-2008)


Desde a primeira vez que vi The Go-Between(1971) /O Mensageiro, de Joseph Losey -numa sessão clássica do antigo cinema Monumental, no início dos anos 70- passei num ápice a exibir a minha simpatia entontecida(!) e exacerbada, por Harold Pinter, que até aí não passara de um ilustre "desconhecido" na minha vida.
O efeito dos diálogos de Pinter ( numa adaptação fiel da obra homónima de L.P.Hartley) produziam em mim um prazer tal pela literatura-cinema que durante uns tempos fui incapaz de um pensamento minimamente estruturado à volta da complexidade narrativa (não apenas pelo"flash-back"... )do filme que, ao invés, era bastante sedutora. E depois, como se não bastasse, não conseguia dissociar Losey de Pinter (e ainda bem!) que eram para mim o duo de interlocutores perfeito na minha aventura difícil de aprendizagem... .
É claro que aos 15, 16 anos não possuía um nível de conhecimentos filosóficos suficientes para ter a percepção e noção exactas sobre um mundo que privilegia o parecer em lugar do ser, como o trataram Losey-Pinter. O que me consumia em prazer (e emotividade)não era a subtileza, nem a teoria de jogos de poder da classe dominante ou a hipocrisia burguesa, mas o acto de subversão e de desafio dos amantes, que abalava todas as convenções.
Anos depois, ao assistir a The Servant (1963), -primeira (das três)colaboração Losey-Pinter- dei por mim a reflectir sobre as "deambulações" de Losey-Pinter em redor da complexidade das relações de poder e das suas implicações no funcionamento da sociedade.

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