sexta-feira, setembro 14, 2007

a impossibilidade do compromisso

Por estes dias, sinto cada vez menos paciência em lidar com o "ruído", vão e alienante, à volta do caso Maddie, das rivalidades infantis e dos jogos de poder internos no PSD, das manchetes grotescas da maioria da imprensa escrita. Não apenas porque não tenho qualquer necessidade de fazer o gosto ao sistema que é o de nos forçar a alimentar o grande circo em cena no reino (contaminado pela hipocrisia), mas também porque tenho mais que fazer do que me prestar a "utilitário" no funcionamento (cada vez mais disfuncional e caduco,
ou vice-versa) do aparelho ideológico do poder. Por estes dias, o curioso foi "sentir-me" a reatar com prazer a leitura de romance, a rever antigos "amores" cinéfilos -como, o muito belo, Voskhozhdenie A Ascensão, de Larissa Chepitko ou o contido e muito sensível, Una Giornata Particolare, de Ettore Scola- , (re)ouvir Jan Garbarek (em Lisboa, no mês de Novembro) e pôr a escrita em dia.
No filme de Larissa, reforcei a minha admiração pelo personagem Stonikov: aquele que não trai, nem os outros nem a si mesmo, e ousa mostrar uma "heroicidade sem limite" não apenas para mostrar a sua integridade impoluta mas sobretudo afirmar a grandeza dos valores e ideários em que acredita convictamente e que não pode abdicar porque não existe qualquer possibilidade de compromisso.
Foto: cena de rodagem de Voskhozdenie, de Larissa Cheptiko (URSS, 1976)

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