Faz 32 anos que a aventura golpista spinolista permitiu , em meia dúzia de horas, um avanço impensável do PREC. Lembro-me de seguir num carro a grande velocidade para o Ralis menos de uma hora depois do bombardeamento por ar da unidade do Dinis de Almeida. Lembro-me de haver centenas de pessoas à porta de armas a pedir armas enquanto não muito longe dali o Adelino Gomes e um operador de imagem da RTP testemunharem primeiro que todos nós o diálogo verdadeiramente sui generis entre os comandantes das forças atacante e defensiva. Lembro-me de à hora da rendição dos páras o local ser já dominado por militares à civil e civis à militar. Lembro-me ainda da tirada épica da Zita Seabra à saída do carro que a trouxera madrugada dentro da reunião extraordinária do CC do PCP anunciar aos jovens da UEC que aguardavam na sede da Rua Sousa Martins: "Camaradas, Portugal vai para o socialismo!". Também me lembro, e muito gostosamente, dos surpreendentes comunicados do PPD e do CDS saídos nessa mesma noite escreverem preto no branco a palavra socialismo como "objectivo" , salvo é claro pequenas grandes diferenças de método!. Uma autêntica heresia mesclada de oportunismo político meramente táctico dos partidos de direita.
A "salvação da face", recorde-se, deu-se meses mais tarde com a trama de vingança do 25 de Novembro, apresentada como acto de "reposicionamento do espírito de 25 de Abril". Um propósito que, como se viu e se tem visto, funcionou exactamente ao contrário. Apesar, naturalmente, de Soares nos ter martelado incansavelmente (com eficácia) a ideia de se "continuar" a caminhar para "o socialismo em liberdade".
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