"Na História, a tragédia regressa muitas vezes mas como farsa". Quem o disse foi Marx, não o Groucho, mas o Karl, evidentemente. Veio-me a frase á ideia porque, nos últimos dias, tenho-me deparado na via pública com as fotografias dos dez mais votados(?) "grandes portugueses" acompanhadas de uma frase onde se propõe ao cidadão que faça a escolha de uma de duas formas possíveis de encarar a personalidade que ama ou odeia. Por exemplo, Álvaro Cunhal é proposto como "solidário ou totalitário ?", Salazar de "ditador ou salvador ?"e Sousa Mendes "consciente ou desobediente?". Os "experts" da campanha, embriagados de saber inventivo, definem-na triunfalmente de "apelativa e divertida". Fortemente impressionado por tamanha sinceridade e simplismo, dou por mim a pensar: como é grande (e estatutário) o poder dos idiotas e de quem lhes franqueia as portas. A tragédia "bufa" soma e segue, para gáudio dos alarves e dos pobres de sentido.
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