sábado, abril 25, 2009

a felicidade

Às sete e meia da manhã fui ao café nova américa espreitar o ambiente. Tomei o pequeno almoço ao balcão e vi que as pessoas estavam em tensão mas olhavam uma s para outras com tímidos sorrisos de pequena felicidade. Menos os dois guardas da PSP que lá estavam agitados a anunciar em voz altiva que o Caetano estava a dominar o golpe.Na papelaria a senhora Hermínia confidenciou-me que estava à espera de edições especiais de todos os jornais e já tinha reservas de clientes que não iam sair de casa.Comprei pilhas para o radio portátil e corri para casa. É quando aguardo que "caia" o verde que um opel branco passa por mim e uma voz ecoa poderosa vinda de dentro morte ao fascismo! viva a Liberdade! Chegado a casa telefono pela enésima vez ao Duarte e digo-lhe vamos encontrar-nos nas picoas e rumar até ao rossio, parece que a gnr fiel ao governo posicionou-se em toda a praça e estão armados. Vamos mas é para o terreiro do Paço disse o Duarte. Não fomos. Acabei a manha devorar torradas na cozinha do "JPB" e a ouvir as rádios. Saímos para o Carmo quando o regime já agoniava,
Se tivesse de morrer , seria aqui disse quando descemos a rua nova da trindade a correr sem ligar nenhuma aos soldados da gnr de mauzer na mão que mantinham o cerco e alimentavam a ideia dos comandantes para uma acção de garrote ao largo do carmo.
Lisboa, entre-campos, 25 de Abril 1984

Sem comentários: