quarta-feira, fevereiro 28, 2007
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
sábado, fevereiro 24, 2007
tinha 17 anos
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sexta-feira, fevereiro 23, 2007
lembrar zeca
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A presença das formigas
Nesta oficina caseira
A regra de três composta
Às tantas da madrugada
Maria que eu tanto prezo
E por modéstia me ama
A longa noite de insónia
Às voltas na mesma cama
Liberdade liberdade
Quem disse que era mentira
Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida
Coro dos Tribunais, álbum editado em Dezembro 1975)
Foto: Associação José Afonso
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
in memorian de allende e neruda
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Foto: de Arquivo
no país do faz de conta(1)
O "Sim" à despenalização da interrupção da gravidez até ás dez semanas saiu vitorioso como o temiam muitos dos que pugnaram pelo direito (abstrato) à vida. Como se a vida só merecesse ser defendida no princípio e não lhe deverem ser reconhecidas as condições de qualidade e de dignidade universalmente expressas. O "Não" , ou para ser exacto, uma parcela mais iconoclasta do "Não" preferiu continuar a apostar naquela máxima "ou nós, ou a morte" como o comprovam algumas das mais fantásticas "tiradas" alguma vez lançadas num qualquer outro referendo congénere.
Simone Weill, que era de direita mas não era estúpida, promoveu em França- faz quase trinta anos- uma consulta similar que decorreu de forma apaixonada mas sem necessidade de resvalar para a retórica de sargeta ou cair na patetice larvar: no dizer dos defensores do "Não", e dos peritos na arte de dramatizar, uma vitória do "Sim" traduzir-se-ia num "aterrador aumento de abortos", "num problema de saúde da mulher(!)" ou, pior que isso tudo, "na condenação à morte de inocentes".
Num país estruturalmente atrasado como o é Portugal, com os centros de apoio a menores superlotados (apesar dos muitos esforços de muito poucos, incluindo obviamente de centenas de católicos bem formados), com as instituições (também a romper as costuras) que albergam ad eternum bebés abandonados e orfãos, com a ausência de politica séria e célere no processo de adopção -tudo situações que se vêm agravando nos ultimos 40, 30 anos- não vejo , sinceramente, onde reside a razão (mínima) para tanto ruído de muitos que abraçaram a causa do "Não".
Não seria um bom começo, contribuirem para a resolução das situações gritantes de crianças e jovens que vivem no limbo da sociedade? Não seria curial ajudarem a criar as condições sociais para que o aborto seja senão completamente irradiado pelo menos reduzido à sua expressão mais infíma? Por exemplo, poderiam os do "Não" abandonarem a acção (absolutamente nefasta) que vem promovendo de forma doentia contra a educação sexual nas escolas? Sabendo que uma parte significativa das mulheres que abortam são jovens , muito jovens ... não seria um bom princípio? Bem sei que issso pouco ou nada interessa a muitos que votaram e se bateram pelo "Não", convictos de estarem dentro da razão (a sua) e dela não abdicarem.
Num Mundo que se vem cada vez mais desumanizando, onde cresce o fosso entre os que tem tudo e aqueles que nada tem, um Mundo em que o poder do dinheiro determina já o tempo de vida de muitos, aparecem uns iluminados a colorir a realidade com cores que a esmagadora maioria dos seres humanos nunca verá. É obra!
Não tenho ilusões sobre isso, como em relação a muitas outras coisas. Apenas me pareceu oportuno lembrar que o Mundo é já hoje uma realidade bem diferente daquela que desejaríamos possível ou, paar ser mais claro, de acordo com os nossos interesses egoístas. Mas não: o Mundo de hoje é tão mais cruel do que antes e não se compadece com o "faz de conta" em que chafurdamos ano após ano para nos convencermos (fé inglória!) que tudo vai bem. Quer dizer, tudo vai mal. Bem o sabemos. Mas continuamos a assobiar pró lado. É o que ainda fazemos bem: assobiar como quem "faz de conta"... .A ver se a crise passa e o sol volte a brilhar de novo para todos(?) nós!
terça-feira, fevereiro 20, 2007
a noite do general
Noite de 27 Junho 1976. No Pequeno Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, o candidato à Presidência da República, Otelo Saraiva de Carvalho, (apoiado pela esquerda revolucionária)reunido com os orgãos de comunicação social a declarar-se "vencido" mas não convencido. O general Eanes foi o candidato vitorioso (61,6%) mercê do apoio da coligação de interesses -PS, PPD, CDS e MRPP- que viu nele o único garante (possível) para o êxito do processo de normalização político iniciado em 25 de Novembro de 1975.
Atrás de Otelo, o operador de camera, de vinte anos, que empunhava a Bolex Paillard ainda acreditava que a Revolução continuava na ordem do dia e seguia dentro de momentos... .
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
palavras de ramiro correia(2)
aquece as tuas mãos
na cinza do poema
prende os teus cabelos
às estrelas
e morre
ardendo lentamente
deixa o teu corpo
enfeitiçar
o tempo
Na Clivagem do Tempo, edição de autor (1973)
sábado, fevereiro 17, 2007
depuramento e fluidez
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Clint Eastwood não pára de surpreender: não obstante os seus 76 anos de idade mantém bem vivas as suas enormes capacidades criativas e o seu potencial talento. A atestá-lo, aí está Letters from Iwo Jima, que é talvez o mais depurado de todos os seus filmes, a par de uma fluidez narrativa, plena de elegância e eficácia, que permanece surpreendentemente exemplar.
terça-feira, fevereiro 13, 2007
domingo à tarde
Tenho-me interrogado algumas vezes sobre o significado da amizade e do amor.Dos amigos, não me apetece adiantar muito, todos me são queridos e poucos foram os que traíram, alguns sem o saberem bem porquê. Do amor, -esse risco de ousar ser inteiro todo o tempo mesmo que o medo tome conta de nós e a ternura, os carinhos e os beijos, afrouxem ou desapareçam apenas por umas horas ou mesmo dias- vou descobrindo que sinto a tentação de às vezes o repelir, talvez para melhor me aproximar dele. Para ter mais um pouco de amor. Quer dizer: de vida.
domingo, fevereiro 11, 2007
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
anne wiazemsky
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Anne Wiazemsky foi um dos meus amores secretos durante uma boa parte da adolescência e da idade adulta. Essa "fixação" em Anne obrigava-me a ver Au Hasard Balthazar, Teorema de Pasolini, Rendez-Vous, (de Téchinè) vezes sem conta. Uma atracção desmedida, confesso-o. Porque nunca me permitiu sair desse impasse, dessa impossibilidade, de a ter no ecrã e de a desejar a meu lado.
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
pelo "sim", contra a hipocrisia
O referendo pela despenalização do aborto às dez semanas é pau para toda a obra dos que defendem o "não"até às ultimas consequências: bebés boneco made in china do tamanho de um isqueiro passam de mão em mão como que a alertar para o "crime hediondo" que livremente se praticaria aos "milhares"(sic) se o "sim" vencesse; a igreja (alguma da Igreja...precisemos) ensaia nas homilias a excomunhão violenta, ao estilo medieval ,das pecadoras sedentas de matar a vida no ventre, enquanto catequistas febris distribuem nos infantários e nas ruas cartinhas de supostas crianças a quem as mães não mataram a vida e que por isso estão agradecidas(!); um inventivo ex-ministro da segurança e do emprego propõe a condenação das mulheres a uma pena de serviço na comunidade como se fossem jovens delinquentes. Há ainda os moderados que defendem um castigo simbólico das mulheres que abortem, contra a própria lei que deixa de ser lei!.
Todos no "não" pugnam pela vida, a vida acima de tudo! Só estranho, e muito, que a coerência desses princípios não inclua as pilulas contraceptivas e não proponham -por mera razão de coerência- a sua proibição imediata e a aplicação de castigos a quem prevaricar, -como é?
Conclusão: De vez em quando o país vira uma enorme tenda de circo e o espectáculo é sempre o mesmo: disfuncional, demencial e histérico quanto baste, para manter as bancadas em gargalhada e na ilusão de estar a gozar de felicidade.
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
palavras de faulkner
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William Faulkner
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