sábado, dezembro 29, 2007

"utilitário" atomizado

Enquanto me deixo embalar (pela enésima vez, esta semana...para não variar) pela belíssima banda sonora de A Eternidade e Um Dia (magnifico Theo Angelopoulos!) composta por Eleni Karaindrou decido-me, finalmente, a passar os olhos pelos jornais nacionais -matutinos, semanários, imprensa regional- das duas últimas semanas incluindo os de hoje (DN e Público) amontoados num canto da sala, bem à vista, e a cuja leitura ou sequer simples folhear de desinteressado fui resistindo até hoje. Por onde começar? Quando se esteve uma quinzena a ler só imprensa internacional), é um falso dilema que nem se põe : bastaram duas semanas a ouvir as conversas nos transportes públicos, nos cafés e restaurantes e, até, nas livrarias para dizer a mim mesmo que não faz sentido sacrificar um segundo, quanto mais um minuto, do meu precioso tempo para voltar a vestir a pele de "utilitário" atomizado.
A impotência e a frustração dão cada vez mais cartas através das manchetes estapafúrdias, desprovidas de qualquer sentido, mesmo o sentido de absurdo. Nem valem a pena qualquer tentativa de análise sociológica. Só da psicanálise.

sábado, dezembro 01, 2007

lembrança de jean seberg


A primeira vez que vi Jean Seberg no ecrã -tinha eu 14 anos- foi no filme de Robert Rossen, Lilith (em português, seguido de E o seu Destino) , numa matinée, para "maiores de 17 anos", no desaparecido Alvalade. Dediquei o resto desse dia a opinar com um amigo num café da avenida de roma sobre o corpo sedutor , o olhar transparente e inquietante e a deslumbrante prestação artística (calma, rebelde) da minha novel paixão cinéfila de então. Pela lição de irreverência e desmistificação - do universo psiquiátrico- Lilith, foi (é) um dos poucos filmes que carrego ainda "nos ombros" num estado de deslumbramento, de espanto, de amor. Jean Seberg foi (é) capaz (ah!, À Bout de Souffle) de ainda me manter aprisionado à sua claridade insuportável. A meus olhos. Nostálgicos para todo o sempre.